quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Vocação e Missão do Irmão Redentorista





O Irmão consagrado é um vocacionado de Deus. Toda vocação é uma convocação para a missão. E a missão cristã, com espiritualidade e carisma redentorista, se fundamenta na conformidade com o Plano de Deus. Ela tem suas raízes na consagração batismal e se abre em perspectivas e dinâmicas que estão inseridas nos modos de ação, a qual nós chamamos de missão.
O Irmão se consagra à luz da fé, tendo como referência o Mistério de Cristo (Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição), que se alimenta da Eucaristia (comunhão e participação) e também tem Nossa Senhora como exemplo de fé, disponibilidade ao serviço e de perseverança.
               A consagração religiosa nos faz realizados quando cultivamos a alegria, a simplicidade de vida e linguagem, a disposição aos serviços eclesiais, a boa convivência com o povo e a abertura ao Espírito Santo. Pois, as forças humano-espirituais ajudam a tomar consciência da realidade e a fazer bom uso dos talentos pessoais. Sabendo-se que a soma dos dons recebidos, a boa vontade, a disposição e persistência, garantem os bons resultados, ainda que estes venham a ser colhidos tardiamente. Aqui, encontramos o perfil do Irmão na condição de homem consagrado, de vivência comunitária e apostólica.
As áreas de ação podem urgir nos mais diversos campos de serviços, isto é, Humanitários, Pastorais, Culturais, Científicos, Acadêmicos e outros mais. Todavia, em todos há necessidade de preparos, exercícios e aperfeiçoamentos dos mesmos. Além do mais é muito válida a interação que se pode criar entre os modos de servir, fazendo-os com espírito cristão. Assim, os Irmãos têm a possibilidade de utilizá-los como instrumentos de promoção humana, vínculo da ética e da moral cristã: um bem social. Também, neste sentido, os Irmãos possuem uma belíssima história a ser recuperada, a ser narrada e principalmente a ser construída.
Em suma, a vida consagrada é inteira e completa em si mesma, por causa do Batismo. Por isso, o Irmão que assumiu a sua vocação e nela se sente realizado, coloca os seus talentos a serviço da missão, torna-se um dom de Deus para a Igreja.
O Irmão consagrado deve cultivar uma constante abertura interior para que Deus haja através de sua pessoa!
                                                                      Ir. José Mauro Maciel CSsR, missionário redentorista e historiador.

Os Irmãos Redentoristas



                                                          
                                                 
A história dos Irmãos Redentoristas inicia-se, em 18 de novembro de 1732, com Vito Curzio (1706-1745), quando este nobre militar napolitano, natural da Puglia, alto funcionário do Marquesado de Prócida, ingressou-se no grupo dos missionários liderados pelo Pe. Afonso Maria de Ligório (1696-1787).
               Somam-se aos missionários, pouco a pouco, outros Irmãos: Januário Rendina (1707-1789), Francisco Tartaglione (1715-1774) e Joaquim Gaudiello (1719-1741). Estes, no terceiro domingo de julho de 1740, juntamente com outros oito padres, fizeram o voto de perseverança no iniciante Instituto Religioso.
No período de 1732 a 1764, diversos outros jovens ingressaram na Congregação Redentorista e se tornaram Irmãos. Dentre eles, São Geraldo Majela CSsR (1726-1755), o mais conhecido e amado redentorista de todos os tempos. Estes Irmãos atuavam nos mais variados serviços, dentro e fora de casa, inclusive nas Missões Populares. Nestas, enquanto os padres se ocupavam preferencialmente com as confissões, pregações e celebrações Eucarísticas; os Irmãos rezavam e cantavam com o povo (terços, ladainhas e nas procissões), ensinavam catequese às crianças e aos jovens, visitavam as famílias e eram amigos do povo.  
A partir de 1764, houve mudanças vertiginosas nas Constituições Redentoristas, por ingerência interna e intervenção do Estado (via o Padroado Régio). Por esta razão, a grande maioria dos Irmãos foi colocada em terceiro plano e confinados nos afazeres domésticos. Salvaguardando apenas aqueles que eram grandes profissionais, tais como: arquitetos, músicos, professores, médicos, artistas, administradores, dentre. No século XIX, com a expansão da Congregação Redentorista, dependendo da mentalidade e cultura de cada País, prosseguiu ou não a profissionalização e qualificação dos Irmãos.
Por mais de duzentos anos (1764-1980), grande parte dos Irmãos Consagrados de todas as Instituições Católicas, incluso os redentoristas, foram vítimas dos condicionamentos políticos e religiosos, que os colocaram no anonimato. E foi o Concílio Vaticano II, ao abrir as “portas” e “janelas” da Igreja, que deu a possibilidade de rever, resgatar e redescobrir que a história, a eclesialidade e a teologia católica contém tesouros valiosos, escondidos e enterrados em si mesma. Por isso, se faz necessário pesquisar os valores e qualidades que permearam a ação cristã no decorrer dos tempos. De fato, este Concilio vem (há 50 anos!) abrindo perspectivas e frestas, dando também aos Irmãos as possibilidades de se prepararem e atuarem nas dimensões: sociais, humanitárias, educacionais, culturais, científicas, tecnológicas, acadêmicas, teológicas, profissionais e eclesiais.
Na Congregação Redentorista encontramos um rico legado de Irmãos que marcaram e marcam a nossa história, os quais nos dão expectativas e abrem perspectivas para enxergar as diversas realidades e nelas são muitos os campos de missão hodierna. 
                       A messe é grande, mas os operários são poucos!  (Mt 9, 37) 


                              Ir. José Mauro Maciel CSsR, missionário redentorista e historiador.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

GLÓRIAS DE MARIA



Quem diria, quem diria,
Que fosse Afonso de Ligório um dia,
Escrever tal obra esplêndida, cheia de alegria,
Obra tão louvável “As Glórias de Maria”.

Ele inicia com a “Salve Rainha”,
Mãe do nosso Rei Redentor,
Mãe do nosso belo Amor,
Ela formosa mulher que nos encaminha ao salvador.

Maria, Cheia de Graça, Mãe espiritual,
Que acolheu o Espírito Santo em seu seio virginal,
Para a salvação das almas, Mãe celestial,
Que se fez serva do Nosso Deus maioral.

És a doçura, a vida e a esperança,
Que alegria teve a Mãe quando viu aquela criança,
Em seus braços acalentados era cheia de confiança,
Era serva corajosa e que possuía dentro de si a perseverança.

Passava agora aquela menina por medianeira,
De serva, mulher, de mulher, Mãe e Mãe era a sua maneira,
De rogar por todos filhos era assim mensageira,
Entre os homens e Deus era a nuvem passageira.

Que aliança magnífica fez Deus com sua Amada,
Quis que aquela Doce Virgem fosse separada,
Seria ela Porta do céu, Estrela do mar, cheia de Deus ornada,
E a conservou intacta da culpa primeira, Imaculada.


A Menina dos olhos de Deus levava consigo a Redenção,
Que crescia dia a dia em estatura e mansidão,
E que aos olhos de sua Mãe na humanidade, paixão,
Quanta dor levava, pois sabia, Maria do seu coração.

Maria, Mãe de Misericórdia, amava também os pecadores,
Mas sabia que tanto ela e seu Filho teriam muitas dores,
Seu tesouro era Deus e todos os filhos do mundo seus amores,
Ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce Virgem Maria, seus braços condutores.

Quem diria, quem saberia, quem imaginaria,
Que fosse Afonso de Ligório, transcrever um dia,
Os tratados de uma vida, das Dores de Maria,
Obra tão unânime, tão rica em sabedoria.

Sua primeira dor foram as profecias de Simeão,
Ao escutar que uma espada transpassaria seu coração,
Sofreria Maria aquela triste consolação.
Passaria tudo isso por seu Filho, por sua plena doação,

A segunda dor foi a fuga para o Egito,
Para não perder o Filho e nem ouvir tanto grito,
Dos inocentes que morreram por causa do Bendito,
Era triste ver acontecer o que o maldoso rei tinha dito.

A terceira dor é a perda de Jesus no templo,
Quão preocupados ficaram os pais naquele momento,
A não verem o Filho que eras exemplo,
Para os doutores o contemplo.

A quarta dor é Maria que ver seu Filho indo a direção da morte,
A quarta espada perfura o coração ao norte,
Entre a Mãe e o Filho amado há um corte,
De todos os instantes juntos só existe porte.

Quão grande é a quinta dor,
Pois vai a morte o Salvador,
E junto dele o esplendor,
De sua Mãe morre o Amor.

A sexta dor remete a lança e a descida da cruz,
Quão pequeno ficou o coração daquela que nos conduz,
Sua alma foi transpassada e sua vida não mais luz,
Agora estava entregue ao Pai seu Filho, Jesus.

A última dor foi seu sepultamento,
Onde Maria deixa seu coração naquele momento,
Ser sepultado o tesouro que possuía, fica somente em seus pensamentos,
E a dor que levava consigo podia ser vista em seus movimentos.

Quem diria, quem pensaria,
Que fosse Afonso de Ligório, seria,
Rabiscar as virtudes, um dia,
Obra impressionante, tão cheia de Maria.

Maria prendeu o coração de Deus por sua humildade,
Atribuía ao Senhor tudo em sua vida por simplicidade,
Ajudava sua prima Isabel com sinceridade,
Abraçava a Deus por maioridade.

Quem foi essa Consoladora se não caridosa?
Era assim a Virgem toda Dolorosa,
Com seu Filho e os homens Amorosa,
Para Deus fostes sempre Honrosa.

Quem acreditou mais do que ela?
Quem Deus exaltou em sua cidadela?
De quem Cristo ouviu se não dela?
Quem o povo pede ajuda a Deus se não for nela?


Esperança, Casta, Pobre e Obediente,
Possuía essa mulher as virtudes, era Paciente,
Muita acima dos anjos dedicava sua vida ao Amado, Contente,
Aprendeu de seus pais o Amor de Deus Temente.

Quem saberia, quem imaginaria,
Que fosse Afonso de Ligório um dia,
Descrever o semblante de sua Pia,
De sua Doce Virgem Maria,
E pedisse um dia,
Que um confrade em companhia,
Lesse para ele “As Glórias de Maria”,
E que perguntasse “Quem escreveria tão linda maestria?”
E o confrade respondeu “Foi Afonso Ligório de Maria”.

Pe. Cleandro Pessoa. CSsR.