terça-feira, 4 de setembro de 2012


 
Estamos no mês de setembro, dedicado a palavra de Deus. Um dos objetos pelo qual se encontra essa palavra é a bíblia (Do Grego bíblia que quer dizer ‘livros’). Ela é denominada de livro sagrado pelo fato de conter a história e compreensão de fé do povo, denominado de povo de Deus. Categoricamente a bíblia é um conjunto de livros (Gênese, Números, Êxodo...) que foram unidos em um só, denominado de ‘compêndio’ da palavra de Deus. A ordem dos livros sagrados está formulada não em uma lógica do período histórico, mas de acordo com a finalidade da Fé. Por isso que se remete o livro do Gênese(início) o começo dessa experiência do homem com Deus, e ao livro do Apocalipse a visão escatológica(finalidade da fé cristã, ou seja os sinais do dia da glória do Senhor).

 

A Bíblia é composta por 73 livros, sendo considerado 46 livros, que compõe o Antigo Testamento, mais 27, que compõe o Novo Testamento. O Catecismo da Igreja Católica relembra-nos que o Antigo Testamento fala de uma promessa de Deus: seu filho, o Cristo (Ungido), pela salvação do homem, enquanto que o Novo Testamento faz o cumprimento dessa promessa na figura de Jesus Nazareno. Portanto a Bíblia é considerada como premissa central o Jesus de Nazaré, também denominado de Salvador, Messias, Filho de Davi e etc.

 

Para se compreender a Bíblia é pertinente uma orientação negativa a cerca do que ela representa, ou seja, a princípio importante compreender a bíblia a partir do que ela não é: a bíblia não é um livro geográfico, não é um livro biológico, não é um livro literário, não é um livro histórico, no viés arqueológico, não é um livro de filosofia, não é um livro teológico, não é um livro físico e muito menos um livro de química. Neste sentido, podemos nos desprender de qualquer risco de erro ao tentar ler a bíblia nas perspectivas citadas.

 

Você então pode perguntar: então como deve ser entendida a bíblia e como devo lê-la?! A bíblia é um livro de ‘Fé’. Neste sentido ela deve ser interpretada na perspectiva da Fé. Da Fé de um povo que teve uma experiência pessoal e ao mesmo tempo universal com Deus, e a partir disso resolveu colocar em escrito(pergaminhos) toda trajetória dessa experiência de acordo com uma mentalidade determinada por uma visão de mundo, uma cultura, uma lei, um contexto histórico e uma ética limitada. Assim é que se fez o desenrolar da história do povo de Deus, e dessa forma é que está colocada, embotada, nos livros sagrados. Daí surge a dificuldade de não se compreender inúmeras passagens bíblicas, e da mesma forma não se compreender a imagem de Deus no Antigo testamento como um Deus que Mata, destrói e constrói, eleva uns e elimina outros, comparado com o Deus do Novo Testamento revelado na pessoa divino-humano de Jesus. Tudo está derivado de uma experiência com Deus e de uma explanação a cerca de Deus, nos acontecimentos diários em certos períodos históricos.

 

A Bíblia fala da história dos Hebreus, a partir de Abraão como figura determinada, que teve uma experiência com Deus e a partir daí é que se desenvolve toda a concepção de Fé deste povo.O povo Hebreu se torna o povo Judeu. Desde os Hebreus, perpassando pelos Judeus surge uma promessa do salvado que irá libertá-lo de todo tipo de alienação, ou situação de morte.Daí, Este povo compreende-se como sendo o povo escolhido por Deus para gozar da vida plena, do Céu, da Eudaimonia (felicidade) que acontecerá na vinda do enviado, do ungido, do messias que trará e fará acontecer todo o projeto de Deus: Salvação da alma, eternidade, e felicidade. Ou seja, a unidade com Deus e o gozar dessa plenitude. Com a vinda de Jesus de Nazaré esse projeto se realiza, pois ele é o filho de Deus que Ele chama amorosamente como ‘Pai’. Porém, os Judeus não o aceitam 1) como filho de Deus; 2) como Deus encarnado; 3)como promessa realisada;4) como salvador e libertador.

 

Essa negação os colocou em estado de separação negação de Jesus, a espera continua de outro salvador, que não seja Jesus. Daí, a história de salvação ganhará uma concretude e um corpo novo na figura de Jesus e a partir Dele, melhor, de Sua ressurreição. Esse corpo novo é denominado de ‘cristianismo’. Antes de ser chamados de ‘cristão’ aqueles que seguem a Jesus Nazareno, denominado de Cristo, os discípulos de Jesus e quem aderia a Fé cristã eram chamados de ‘caminheiros’. Pois os primeiros discípulos (Paulo, dentre outros) viviam na periferia do Império Romano, visitando as casas, celebrando a ressurreição de Cristo, anunciando seus ensinamentos (Amor Ágape), rezando os ‘salmos’ e fazendo a ‘fração do Pão’. No início a vida dos primeiros cristãos era simples, e sua doutrina era baseada em poucas coisas, porém o testemunho de vida (testemunhas oculares) era a forma principal de anuncio (Kerigma) da presença de Cristo, da realização de salvação, por meio da ressurreição de Cristo. Em 313 o cristianismo se torna religião oficial e depois ganhará novo corpo até se tornar o que conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana.

 

Portanto, a Bíblia trás consigo essa mensagem de Fé, e a promessa de salvação que se realisou em Jesus. Nós damos continuidade a esse projeto, pois somos a porta principal por onde perpassa a salvação. Antes de termos a Bíblia em nossas mãos prontinha, tivemos a experiência com Deus de cada pessoa que a escreveu. Ela não está ausente de erros históricos, temporais, geográficos e biológicos, porém a Fé que ela revela é o que se predomina como “Verdade Revelada”e confirmada pela Igreja.Daí, podemos concluir que a Bíblia é a palavra de Deus verdadeiramente, porque ela compõe e descreve aquilo que estava dentro do homem, de seu interior, de sua relação com Deus, de sua Fé. Verdadeiramente Agostinho estava certo quando disse “Ó beleza tão rara, eis que estavas dento e eu fora” (Confissões). Uma vês que a experiência com Deus se faz pelo homem, em seu interior, em sua psique, em sua alma. A Bíblia não se encerra no livro do apocalipse, pelo contrário, ela continua na nossa vida, dentro de cada um de nós. Somos parte dessa história de salvação que se realiza e se faz a cada dia, por isso o compromisso para todos os que caminham aceitando a presença de Deus e de Jesus em sua vida. 

 

Isaias Mendes, Aspirante Redentorista. Seja um Vocacionado Redentorista.

Pesquisa: Reale, Giovanni, História da Filosofia;livro Bíblia sem mitos e formação bíblica.