Estamos no
mês de setembro, dedicado a palavra de Deus. Um dos objetos pelo qual se
encontra essa palavra é a bíblia (Do Grego bíblia que quer dizer ‘livros’). Ela
é denominada de livro sagrado pelo fato de conter a história e compreensão de
fé do povo, denominado de povo de Deus. Categoricamente a bíblia é um conjunto
de livros (Gênese, Números, Êxodo...) que foram unidos em um só, denominado de
‘compêndio’ da palavra de Deus. A ordem dos livros sagrados está formulada não
em uma lógica do período histórico, mas de acordo com a finalidade da Fé. Por
isso que se remete o livro do Gênese(início) o começo dessa experiência do
homem com Deus, e ao livro do Apocalipse a visão escatológica(finalidade da fé
cristã, ou seja os sinais do dia da glória do Senhor).
A Bíblia é
composta por 73 livros, sendo considerado 46 livros, que compõe o Antigo
Testamento, mais 27, que compõe o Novo Testamento. O Catecismo da Igreja
Católica relembra-nos que o Antigo Testamento fala de uma promessa de Deus: seu
filho, o Cristo (Ungido), pela salvação do homem, enquanto que o Novo
Testamento faz o cumprimento dessa promessa na figura de Jesus Nazareno.
Portanto a Bíblia é considerada como premissa central o Jesus de Nazaré, também
denominado de Salvador, Messias, Filho de Davi e etc.
Para se
compreender a Bíblia é pertinente uma orientação negativa a cerca do que ela
representa, ou seja, a princípio importante compreender a bíblia a partir do
que ela não é: a bíblia não é um livro geográfico, não é um livro biológico,
não é um livro literário, não é um livro histórico, no viés arqueológico, não é
um livro de filosofia, não é um livro teológico, não é um livro físico e muito
menos um livro de química. Neste sentido, podemos nos desprender de qualquer
risco de erro ao tentar ler a bíblia nas perspectivas citadas.
Você então
pode perguntar: então como deve ser entendida a bíblia e como devo lê-la?! A
bíblia é um livro de ‘Fé’. Neste sentido ela deve ser interpretada na
perspectiva da Fé. Da Fé de um povo que teve uma experiência pessoal e ao mesmo
tempo universal com Deus, e a partir disso resolveu colocar em escrito(pergaminhos)
toda trajetória dessa experiência de acordo com uma mentalidade determinada por
uma visão de mundo, uma cultura, uma lei, um contexto histórico e uma ética limitada.
Assim é que se fez o desenrolar da história do povo de Deus, e dessa forma é
que está colocada, embotada, nos livros sagrados. Daí surge a dificuldade de
não se compreender inúmeras passagens bíblicas, e da mesma forma não se
compreender a imagem de Deus no Antigo testamento como um Deus que Mata,
destrói e constrói, eleva uns e elimina outros, comparado com o Deus do Novo
Testamento revelado na pessoa divino-humano de Jesus. Tudo está derivado de uma
experiência com Deus e de uma explanação a cerca de Deus, nos acontecimentos
diários em certos períodos históricos.
A Bíblia
fala da história dos Hebreus, a partir de Abraão como figura determinada, que
teve uma experiência com Deus e a partir daí é que se desenvolve toda a
concepção de Fé deste povo.O povo Hebreu se torna o povo Judeu. Desde os
Hebreus, perpassando pelos Judeus surge uma promessa do salvado que irá
libertá-lo de todo tipo de alienação, ou situação de morte.Daí, Este povo
compreende-se como sendo o povo escolhido por Deus para gozar da vida plena, do
Céu, da Eudaimonia (felicidade) que acontecerá na vinda do enviado, do ungido,
do messias que trará e fará acontecer todo o projeto de Deus: Salvação da alma,
eternidade, e felicidade. Ou seja, a unidade com Deus e o gozar dessa
plenitude. Com a vinda de Jesus de Nazaré esse projeto se realiza, pois ele é o
filho de Deus que Ele chama amorosamente como ‘Pai’. Porém, os Judeus não o
aceitam 1) como filho de Deus; 2) como Deus encarnado; 3)como promessa
realisada;4) como salvador e libertador.
Essa
negação os colocou em estado de separação negação de Jesus, a espera continua
de outro salvador, que não seja Jesus. Daí, a história de salvação ganhará uma
concretude e um corpo novo na figura de Jesus e a partir Dele, melhor, de Sua
ressurreição. Esse corpo novo é denominado de ‘cristianismo’. Antes de ser
chamados de ‘cristão’ aqueles que seguem a Jesus Nazareno, denominado de
Cristo, os discípulos de Jesus e quem aderia a Fé cristã eram chamados de
‘caminheiros’. Pois os primeiros discípulos (Paulo, dentre outros) viviam na
periferia do Império Romano, visitando as casas, celebrando a ressurreição de
Cristo, anunciando seus ensinamentos (Amor Ágape), rezando os ‘salmos’ e
fazendo a ‘fração do Pão’. No início a vida dos primeiros cristãos era simples,
e sua doutrina era baseada em poucas coisas, porém o testemunho de vida (testemunhas
oculares) era a forma principal de anuncio (Kerigma) da presença de Cristo, da
realização de salvação, por meio da ressurreição de Cristo. Em 313 o cristianismo
se torna religião oficial e depois ganhará novo corpo até se tornar o que
conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana.
Portanto, a
Bíblia trás consigo essa mensagem de Fé, e a promessa de salvação que se
realisou em Jesus. Nós damos continuidade a esse projeto, pois somos a porta
principal por onde perpassa a salvação. Antes de termos a Bíblia em nossas mãos
prontinha, tivemos a experiência com Deus de cada pessoa que a escreveu. Ela
não está ausente de erros históricos, temporais, geográficos e biológicos,
porém a Fé que ela revela é o que se predomina como “Verdade Revelada”e
confirmada pela Igreja.Daí, podemos concluir que a Bíblia é a palavra de Deus
verdadeiramente, porque ela compõe e descreve aquilo que estava dentro do
homem, de seu interior, de sua relação com Deus, de sua Fé. Verdadeiramente
Agostinho estava certo quando disse “Ó
beleza tão rara, eis que estavas dento e eu fora” (Confissões). Uma vês que
a experiência com Deus se faz pelo homem, em seu interior, em sua psique, em
sua alma. A Bíblia não se encerra no livro do apocalipse, pelo contrário, ela
continua na nossa vida, dentro de cada um de nós. Somos parte dessa história de
salvação que se realiza e se faz a cada dia, por isso o compromisso para todos
os que caminham aceitando a presença de Deus e de Jesus em sua vida.
Isaias
Mendes, Aspirante Redentorista. Seja um
Vocacionado Redentorista.
Pesquisa: Reale,
Giovanni, História da Filosofia;livro Bíblia sem mitos e formação bíblica.
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